terça-feira, 29 de julho de 2014

Governo boicota evento do Santander

Foto: GGN

O Governo Federal resolveu boicotar o 3º Encontro Internacional de Reitores Universia, um evento de educação considerado "menina dos olhos" do presidente mundial do Banco Santander, Emilio Botín. O boicote do governo é considerado a primeira reação prática do Planalto contra o informe que o Santander encaminhou a seus clientes “vips” na última semana. O documento, enviado para correntistas de alta renda, apontava para o risco de deterioração da economia no caso da reeleição de Dilma Rousseff.
Realizado no Rio de Janeiro na segunda-feira (28) e nesta terça (29), o evento milionário da instituição reúne mais de 1 mil reitores de todas as partes do mundo - com representantes de Yale (EUA) a Moçambique - e uma centena de jornalistas.

Convidados para a abertura do encontro, a presidente Dilma e o vice-presidente Michel Temer não compareceram - Temer era esperado para abrir a conferência na segunda. Além da ausência da representação máxima do governo brasileiro, a alta cúpula do Ministério da Educação (MEC) também cancelou, de última hora, sua participação.


Representantes do MEC e da Fundação Capes - a agência de fomento da pasta -, simplesmente, não apareceram. Em seus lugares, foram alocados reitores "tapa-buracos" para apresentação das palestras anteriormente previstas.

Apenas uma representante do MEC compareceu, mas desistiu de apresentar uma palestra e ficou reclusa em uma das salas do encontro. Tanto o secretário-executivo da pasta, Luiz Cláudio Costa, quanto o presidente da Capes, Jorge Guimarães, não compareceram ao fórum Universia, que discute o futuro da educação superior.

Segundo o iG apurou, o governo orientou, de forma expressa, que os principais reitores das universidades federais brasileiras não comparecessem ao encontro – muitos deles, no entanto, não cumpriram a orientação.

Outro lado

A ausência de representantes do alto escalão vem sendo amenizada e é vista com certa “naturalidade” pela organização do evento bancado pelo banco. “Ela [a presidente Dilma] estava ocupada”, afirmou à reportagem o presidente do Santanter, Emilio Botín.

Entenda o caso: Jornal GGN

O Banco Santander enviou neste mês de julho aos seus clientes de alta renda um texto afirmando que o eventual sucesso eleitoral da presidente Dilma Rousseff "deve piorar a economia brasileira". A análise foi impressa na última página do extrato dos clientes na categoria “Select”, com renda mensal superior a R$ 10 mil - e considerados os chamados "premium". Ainda de acordo com o "comunicado" da instituição bancária, caso Dilma melhorar nas pesquisas de intenção de voto, os juros e o dólar vão subir e a Bolsa, cair. O texto vem sob o título “Você e seu dinheiro” e orienta os clientes do Santander: um cenário eleitoral favorável à petista reverterá “parte das altas recentes” na Bolsa. No entanto, após um blogueiro do portal Uol revelar o caso, o banco foi violentamente atacado nas redes sociais.



Frente à enorme repercussão negativa, respondeu nesta sexta-feira (25) com uma outra nota oficial, onde admite que o comunicado pode trazer interpretações que extrapolam suas análises técnicas e pede desculpas aos consumidores. Abaixo, a nota na íntegra:

 “O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”

Do IG e GGN

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