quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Projeto da Embrapa agrega valor ao bagaço de uva

Para dar uma destinação mais sustentável e econômica ao bagaço de uva, normalmente descartado pela vitivinicultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu um insumo a partir desse resíduo que pode ser utilizado por outras cadeias produtivas, como as indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética.

O extrato, antioxidante e com alto valor nutricional, pode ser utilizado em barras de cereais, bebidas probióticas, farinhas e em usos não alimentícios, como óleo ou agente antioxidante.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2008 pela Embrapa Agroindústria de Alimentos e conta com a parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Lourdes Cabral, explica que a cada 100 litros de vinho processados são gerados 30 quilos de resíduos - bagaço, gavinhas e borras - o que equivale a 210 mil toneladas por ano.

O bagaço é constituído de casca, semente e engaço da uva. “Hoje, a indústria paga a outras empresas para retirar o engaço da sua planta. Parte do resíduo é vendida ou doada como fertilizante. Algumas processadoras vendem o tartarato, composto que é formado na fabricação do vinho. Mas, de um modo geral, ainda não há um aproveitamento importante do bagaço”, disse.


O uso de resíduos da agroindústria está dentro do conceito de Química Verde, que prevê a redução da poluição nos processos químicos e o aproveitamento máximo da matéria-prima, minimizando ou eliminando a geração de poluentes.

As estratégias de desenvolvimento da Química Verde no Brasil foram traçadas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e publicadas no texto Química Verde no Brasil: 2010-2030.

Mesmo sendo de fonte natural, a matéria orgânica gerada na decomposição do bagaço de uva pode se proliferar e contaminar o ambiente.

“Além da grande quantidade de resíduos gerados, em torno de 16% do total de frutas processadas, eles são produzidos durante curto espaço de tempo (a safra da uva dura aproximadamente três meses) e apresentam características poluentes como baixo pH e elevados teores de compostos que resistem à degradação biológica”, explicou Lourdes.

Por outro lado, de acordo com a a pesquisadora, a composição é rica em fibras, proteínas e compostos fenólicos, com potencial de gerar produtos inovadores e funcionais.

Levantamento

Os pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos também participaram, no mês de outubro, de um evento em Santiago, no Chile, promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que teve como objetivo criar uma rede na América Latina e no Caribe sobre o tema.

Segundo a FAO, o desperdício de comida na região serviria para alimentar 300 milhões de pessoas, mais que toda a população que sofre de fome na África.

A consulta a especialistas de 13 países servirá como guia regional de boas práticas e um marco para que os países possam avançar na erradicação da fome por meio de programas de combate ao desperdício e à perda de alimentos.

Fonte:
Agência Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário